Bom, eu sem querer estou usando o blog para contar a estória desse adorável cachorro chamado Von Falconer's Duke II, ou simplesmente Duke. Quando eu e o Márcio nos mudamos para a casa de San Jose, em Junho de 2005, o Márcio foi logo me avisando: Oh, nem precisa pensar em cachorro. Cachorro vai ser a última coisa que vamos olhar pois tem de reformar a casa inteira: cozinha, colocar o chão, banheiro, quintal, por ar-condicionado, comprar móveis. O cachorro que o Márcio sempre quis era Pastor Alemão. Ele tinha lido que é uma raça inteligente, dócil mas que ao mesmo tempo transformam-se em excelentes cães de proteção. Tanto que é um dos mais usados pela polícia.
Pois bem, em meados de Agosto do mesmo ano o Márcio pede para eu ligar para um criador de Santa Cruz, uma cidade de praia que fica a 30 minutos de San Jose, e perguntar se a gente podia ir lá sábado ver filhotes. Os criadores, Eric e Brian Von Falconer, treinam cachorros para a polícia de Santa Cruz.
No sábado, um dia tórrido de verão, fomos ao lugar. Não era bem Santa Cruz pois era uma propriedade que ficava no alto das montanhas e para se chegar lá precisava seguir uma estrada super estreita, perigosa (embaixo era um despenhadeiro), cheia de curvas e com vegetação tão densa que não havia sinal de celular. Como passo mal fácil, cheguei no alto da montanha quase vomitando por causa das curvas.
Chegando lá, os criadores estavam finalizando um churrasco de verão com a turma de treinamento e nos mostraram os 3 pastorzinhos machos que eles tinham. Um tinha 5 meses e os outros dois tinham quase 2 meses (nascidos em 25 de junho de 2005). O cãozinho de 5 meses era mais calmo e dócil e os de 2 meses duas pestes, dois diabinhos da Tasmânia. Um era pretinho que até brilhava e o outro era o que eles chamam aqui sable com os olhos cor de mel, que mais tarde iria se chamar Duke. Entramos no cercadinho onde eles estavam e as pestes (que eram super unidos e se adoravam) só sabiam morder a gente com aqueles dentinhos de agulha. Um calor tórrido, deveria estar fazendo uns 40 graus e eles de calor entravam e saiam da vasilha de água para se refrescar. O Eric nos disse que o pai deles era um pastor importado da Alemanha e a mãe, Pumpkin, uma pastora americana que atualmente estava trabalhando numa penitenciária.
O Márcio teoricamente estava só "olhando", analisando o criador para depois, meses depois, comprar um pastor. Mas eu notei que ele ficou com muita vontade de levar um daqueles bichinhos para casa. Perguntei pro Eric quando ia ser a nova ninhada de cachorrinhos. Ele disse que só na primavera, porque no inverno, por causa do frio, eles não deixam ter ninhadas (depois descobrimos que era mentira, pois ele criam cachorros o ano inteiro. Só queria pressionar a gente). Olhei pro Márcio e ele me olhou. Pensei: próxima primavera? Isso quer dizer em Março de 2006, mais de 6 meses de espera. O Márcio perguntou o preço. 1000 dólares. Perguntamos a eles se caso ficássemos com um dos bichinhos, se era possível buscá-lo só daí a 1 mês. Precisávamos que fosse assim porque meu pai, Camilla e Wolber estavam chegando para passar as férias conosco em poucos dias. Iámos viajar com eles para Los Angeles e não faria sentido levar o bichinho agora. Com isso, o pastorzinho de 5 meses tinha sido descartado das opções. Sobrou o pretinho e o sable. Eu já tinha me apaixonado com os olhos cor de mel do sable. Mas o Eric fez um teste de aptidão e disse que o sable era mais "high-drive" (não sei direito como traduzir para Português mas queria dizer que era mais alerto, ativo, com mais energia). O Márcio foi embora ficando de pensar. Ele sempre faz isso: nunca toma uma decisão na hora, na empolgação do momento.
Mas ao chegar em casa ele já tinha decidido. Liguei pro Eric e pedi para reservar o pastorzinho dos olhos cor de mel.